quinta-feira, 29 de setembro de 2016


"Não tenho mais!"
"Mas eu não ia te pedir nada!"
Silêncio.
"Que porra de vida é essa que ninguém tem nada pra dar pra ninguém?"
"Velho, relaxa. Eu não vou te pedir nada!"
"Então por que você veio com esse olhar pidão?"
"Tá bom, pensa o que quiser, caralho! Não vou discutir."
Silêncio.
"Essa música é muito foda! Né não?"
"Muito."
"Eu podia gostar mais dela, mas vieram aqueles filhos da puta do 'Nenhum de Nós' e fizeram um cover dela, daí fodeu de vez. Nunca foi a mesma coisa. Eu sempre vou lembrar daquele infeliz cantando: 'A lua inteira agora é um manto negro... oh, oh!', oh oh o caralho! Que foda! Acabaram com a música!"
"É mas eles fizeram Camila no ano anterior... e Camila foi uma puta música!"
Silêncio. Uma baforada e uma expirada no ar.
"Verdade. Camila foi uma puta música."
"Foi."
"Mas só também."
"É que você não seguiu os caras, não é fã deles."
"Eu não sou fã de banda que faz versão brasileira de música gringa."
"Ah, puta que pariu, isso é o mesmo que dizer que você não come comida italiana porque o macarrão vem da China. Tu é burro mesmo, hein cara?"
"Posso ser burro, mas sou purista!"
O outro se levanta. Sacode a poeira da bunda.
"Eu vou sair daqui, senão vou sair na mão com você", diz enquanto se afasta.
"Agora eu sei o que você ia me pedir!"
"O que?"
"Você ia filar meu cigarro!"
"Eu não fumo, velho!"
"Você ia filar meu cigarro!"

ALE GREG

terça-feira, 27 de setembro de 2016




"Bate."
Bati.
"Mais forte"
Bati mais forte.
"Mais forte!"
Olhei para seu bumbum. Um vergão vermelho já despontava dele. Bati ainda mais forte. Ela gritou.
E então algo aconteceu.
Um clique. Dentro de minha cabeça. Algo que fez-me deixar de ser eu mesmo e transformou-me numa besta, pronta para amar e sugar tudo de quem se submetesse a mim. Segurei a palmatória com força e lancei-lhe a palmada derradeira. O grito dela continha não apenas dor, mas também indignação.
Afastei-me para ver o que tinha acabado de fazer. A marca estava tão escura que fez-me achar que ali, em instantes, brotaria sangue.
"Doeu... ", ela ensaiou as palavras, "... demais!"
Untei minha mão de gel hidratante. O frescor do contato da lidocaína mentolada com as feridas fez ela gemer por um instante. O bálsamo pareceu também invadir sua alma.
Quis deixar-lhe bastante relaxada para o que viria a seguir.
"Onde está a sua atenção?", perguntei-lhe.
"Minha atenção? Em você!"
"Não! Quero saber em seu corpo. Onde está a sua atenção!"
"Na bunda. Doi muito."
Lavei minhas mãos e apanhei dois grampos presos a uma leve corrente. Apesar de haver uma borracha nas suas extremidades, os grampos eram extremamente apertados. Prendi-os, simultaneamente, nos seus mamilos.
"Aaaaiiii! Senhor!", gritou ela, "Tire isso! Tire!"
Eu gritei de volta de modo que ela pudesse me ouvir em meio ao seu tormento:
"Se eu tirar a sessão acaba!"
Sem resposta. Apenas gritos.
"Se eu tirar a sessão acaba!"
Ela não respondeu.
"Ótimo!", eu disse, "Onde está sua a atenção?"
Lamúrias. Estava ela chorando?
"Onde está a sua atenção?", repeti-lhe.
"No peito! No peito!", respondeu-me como se dissesse que algo a consumia e tivesse que ser tirado dela, imediatamente.
Coloquei um creme de vaselina na ponta de meus dedos. Agachei-me para ficar frente a frente com seu bumbum. O bálsamo em seu bumbum já havia secado, mas o aspecto dos vergões pouco mudara. Abri seu bumbum com as mãos e vislumbrei seu ânus e vagina róseos. Untei seu ânus de vaselina e introduzi nele rapidamente um plugue prateado brilhante que estava comigo. Seu ânus imediatamente rejeitou minha oferta. Refiz toda a operação introduzindo-o, desta vez, com mais calma. Antes de tirar meus dedos do plugue, eu lhe disse:
"Segure-o! Não o solte!"
Outro murmúrio.
Inclinei-me sobre ela. Seu rosto estava molhado, seu semblante, cansado.
"Onde está a sua atenção?"
Ela não me respondeu.
Tirei os plugues de seus mamilos e beijei sua boca quente.

ALE GREG

domingo, 4 de setembro de 2016


Depois de termos trepado feito dois coelhos ensandecidos, olhei para o espelho do teto e vi nossos corpos judiados na cama. Os cabelos dela estavam totalmente espalhados sobre o lençol. Passou-me a impressão de ser uma daquelas deusas de cabelos esvoaçantes que aparecem em fábulas medievais. Segurava os seios com um dos braços. Estendeu o outro para acariciar o pelo de meu peito. Não se importou com o meu silêncio. Ao contrário, parecia gostar dele. Sua mão foi descendo até meu pênis.

Encontrou-o extenuado, jogado de lado e esporrado, merecedor de um banho. Balançou-o com a mão e brincou com ele. Eu não soube dizer se ela zombava de mim ou simplesmente envolvia-se num solilóquio teatral no qual meu pênis era o ator.

"Olhe para mim! Veja meu estado deplorável! Veja no que me tornei!" dramatizava ela enquanto jogava-o para frente e para trás. "Sou um mendigo de amor, um misero apaixonado!" continuou.

"Quantas bonecas você tinha quando era criança?" perguntei a ela.

"Nossa, muitas! Eu tinha uma estante cheia delas."

"Imaginei isso." respondi, "E onde estão elas? Na casa de sua mãe?"

"Queimei todas."

"Mas por que?", a minha curiosidade era genuína.

"Preferi elas queimadas a ficar na mão de outra menina."

Voltou a concentrar-se no boneco em sua mão, agora ligeiramente mais encolhido que antes.


ALE GREG