terça-feira, 1 de dezembro de 2015


ENTRE UM TAPA E OUTRO EM SUA BUNDA, comecei a prestar atenção em suas palavras.

Ela não apenas gemia mas, ora dizia sentenças inteiras, ora frases desconexas e sem sentido. As frases inteiras lembraram-me um mantra indiano:

"Ohm nama... ohm nama... jai guru deva ohm...",

Não apenas por tesão, mas também por curiosidade, aumentei a intensidade das palmadas. Mais fortes e frequentes, elas atingiram seu bumbum e parte das pernas. Seu mantra se intensificou e achei que ela fosse dizer a palavra chave pela primeira vez. Mas apenas se limitou a entoar aquelas palavras de olhos fechados.

Quando senti a ponta de meus dedos formigar, parei de bater.

Ela ficou imóvel, contraiu o bumbum como se pedisse por mais de mim. E a curiosidade em mim fez-me perguntar-lhe:

“Por que? Por que entoa isso?”.

Ela não respondeu.

Caminhei até a parede e peguei um flagelador.

Voltei até ela e dei-lhe um primeiro golpe. Ela soltou um grito.

“Perguntei por que entoou aquele mantra. É um mantra, não é?”

Corei como um menino com o modo terno e meigo com que ela me fitou. Mesmo amordaçada, ela era tão imponente! Tão magnífica em seu corpo de mulher!

Ela disse por fim:

“Meu senhor, esse mantra une as forças inconscientes do universo. Elas precisam estar aqui para testemunhar o quanto eu te amo. O quanto esse momento é importante para mim”.

ALE GREGORIO (Mário Sérgio)