quinta-feira, 30 de julho de 2015

Acendi uma vela com o isqueiro e deixei-me ser absorvido pela chama hipnótica. Depois de dançar por alguns momentos, ela em seguida ficou parada, brilhante, viva. Ocorreu-me que toda chama era uma pontinha de alma, mostrando-se pra mim, desesperada em se comunicar e desejosa de fazer-me entender os mistérios mais profundos da vida. Senti um arrepio de frio. Ou medo de que alguma coisa naquele universo não estivesse totalmente em seu lugar.
"O que houve?", ouvi-a perguntar.
"Nada.", respondi-lhe sem tirar os olhos da chama. A chama era tão mais interessante que ela! Levantei a vela e caminhei em sua direção.
Estava nua. Amarrada a com os pulsos para cima. Os olhos estavam vendados, e ela usava apenas uma calcinha fio dental. Seu corpo ainda estava irresistivelmente imóvel. Pude ver que em suas costas e glúteos, estrias vermelhas cresceram onde eu havia açoitado.
Aproximei a vela de seu rosto para que ela sentisse um pouco do calor e do cheiro de cêra. Ela instintivamente respirou fundo.
"Quer sair?", perguntei-lhe.
"Não, senhor!", ela respondeu.
"Sabe o que vou fazer agora?"
"Sei.", respondeu-me após uma breve hesitação.
"O que vou fazer?"
"Vai jogar em mim.", sua respiração ficou ofegante.
"Vou jogar o quê em você?"
"A cêra."

A vela em minha mão era do tipo votiva, de sândalo, grossa sem qualquer cor em sua cera alveolada. Nunca gostei de velas coloridas. Queria que nada tirasse minha concentração naquele momento. Uma primeira poça de cêra formou-se dentro do

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